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LIÇÃO 4: A RESISTÊNCIA DAS MULHERES PATAXÓ DE COROA VERMELHA
Referência. |
Esse é um ponto que merece ser também
destacado, assim como os anteriores e posteriores a esse. Há, no Brasil, uma
vasta criação de estereótipos atribuídos à mulher que, muitas vezes, já estão
impregnados nas ações dos brasileiros. Esses estereótipos envolvem: cabelo,
corpo, pensamentos e ações, trabalho, vida sexual, dentre outras questões que
dizem respeito à mulher.
Assim, se a mulher já é estereotipada e
sofrem com isso, o que dizer da mulher indígena?
Tendo como exemplo a mulher
Pataxó:
“Eh! Eu não tenho rabo preso! Não faço nada errado pra
ninguém me reclamar... aí eu não tenho medo de falar. Eu vivi pressionada por
Dr. Ivo... não foi? Então eu fiz uma denúncia dele... [...] Mandei pra fora...
Não sei nem pra quem... sei que tomou uma chamada... E aí ficou morrendo de
medo... eu fiquei sabendo...” – Depoimento de D. Mirinha Pataxó (CÉSAR, 2011,
p. 150).
D. Mirinha foi, por diversas vezes, pressionada
a sair de sua cada para a realização do projeto de comemoração dos 500 anos do Brasil. A pressão foi tão insidiosa que ela resolveu apelar para a Procuradoria
da República para denunciar os oficiais do governo. E D. Mirinha resistiu e
ficou em sua terra, é tanto que o projeto precisou ser modificado.
Com isso, percebe-se que as comunidades
indígenas possuem certas divisões atribuídas ao homem ou à mulher, cada um
conforme necessidade. Em consonância a isso, a mulher indígena vem construindo cada
vez mais seu espaço de autoria e autonomia.
Vale pontuar e relembrar uma reportagem
publicada pela revista fórum, intitulada: “Na aldeia, mulher também tem voz”, a
qual apresenta o seguinte trecho:
"No final de fevereiro, chovia torrencialmente na aldeia Tenondé Porã, em Parelheiros, extremo sul de São Paulo. Na área externa de uma das casas, a índia Jera Guarani, da etnia Guarani-Mbyá, falava sobre sua experiência como mulher nas esferas de poder e decisão de sua comunidade. Formada em Pedagogia no mundo juruá (como
se referem aos indivíduos não indígenas), ela conseguiu dar voz às mulheres em
espaços tradicionalmente ocupados por homens, que sozinhos decidiam os rumos da
aldeia.”.
E, assim como D. Mirinha e Jera Garani, a mulher indígena tem conseguido cada vez mais seu espaço, tanto na comunidade oriunda, quando nos demais âmbitos do país. Como por exemplo, as escritoras Eliane Potiguara e Lia Minapoty, vem ganhando cada vez mais ascensão na literatura indígena brasileira.
REFERÊNCIA:
ANJOS,
Ana Beatriz. Na aldeia, mulher também tem voz. Revista Fórum. 22 abr. 2015 às 15:43. Disponível em: <http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/04/na-aldeia-mulher-tambem-tem-voz/>. Acesso em: 26 abr. 2015.
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 150-158.
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