sexta-feira, 24 de abril de 2015

4/10: Lição 2


4/10 LIÇÃO 2: O MONUMENTO À RESISTÊNCIA INDÍGENA: ‘AQUELE MONUMENTO QUE A COMUNIDADE DECIDIU SER CRIADO E FOI DECIDIDO PELA POLÍCIA’
Monumento à Resistência dos Povos Indígenas.
Referência.


“Esses 500 anos... pra mim... falar a verdade... foi... eu sinto assim... não 500 anos de comemoração... mas 500 anos... mais 500 de massacre. (...) Nós não somos derrotados... nós mostramos para o mundo inteiro que a comunidade indígena tá aí... tá sofrendo... mas tão aí na luta. Então eu não me sinto derrotada... eu cresci.”. (NEUZA, apud CÉSAR, 2011, p. 119).

Esse trecho do depoimento de Neusa Pataxó apresenta a indignação de uma Pataxó sobre o acontecimento em que uma tropa de policiais militares invadiu a terra dessa comunidade e destruíram o monumento recém-construído pelos pataxós. Esse monumento foi criado para representar os índios massacrados durante os 500 anos.
E, em algum momento, os policiais alegaram que determinada rede televisiva queria o território limpo. Isso deu início a mais conflitos entre policiais e indígenas, sendo que os policiais permaneceram naquelas terras, “fiscalizando” a comunidade.
No dia 7 de abril, os Pataxó se reuniram com o representante do Ministério de Turismo para falar sobre a reconstrução do monumento. Durante a reunião chegaram a antropóloga da Procuradoria da República e a advogada da Funai, as quais afirmaram que os procuradores da República estavam chegando à comunidade para levar uma liminar que desautorizava a ação militar no local.
E, no dia 11 houve outra reunião para a negociação entre as lideranças indígenas e os oficiais, na qual os representantes do governo garantiram, supostamente, todos os acordos aos indígenas. Mas, o desfecho disso não se deu da forma combinada, assim: “(...) os Pataxó tentaram retomar e afirmar a autonomia sobre seu território (...)” (CÉSAR, 2011, p. 131), instalando o Monumento à Resistência dos Povos Indígenas no Monte Pascoal.
Com isso, verifica-se que as ações dos índios se mostraram contrárias às apresentadas pelo governo. E os Pataxó de Coroa Vermelha resistiram e lutaram até conseguirem a regularização de suas terras, mesmo que isso tenha ocorrido quase 30 anos depois.

Monte Pascoal. Referência.


REFERÊNCIA:


CÉSAR, América Lúcia Silva. Lições de Abril: a construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA, 2011, p. 118-131.

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