4/10
LIÇÃO 2: O MONUMENTO À RESISTÊNCIA INDÍGENA: ‘AQUELE MONUMENTO QUE A COMUNIDADE
DECIDIU SER CRIADO E FOI DECIDIDO PELA POLÍCIA’
“Esses 500 anos... pra mim... falar a verdade... foi...
eu sinto
assim... não 500 anos de comemoração... mas 500 anos... mais 500 de
massacre. (...) Nós não somos derrotados... nós mostramos para o mundo inteiro
que a comunidade indígena tá aí... tá sofrendo... mas tão aí na luta. Então eu
não me sinto derrotada... eu cresci.”. (NEUZA, apud CÉSAR, 2011, p. 119).
Esse trecho do depoimento de Neusa Pataxó
apresenta a indignação de uma Pataxó sobre o acontecimento em que uma tropa de
policiais militares invadiu a terra dessa comunidade e destruíram o monumento recém-construído
pelos pataxós. Esse monumento foi criado para representar os índios massacrados
durante os 500 anos.
E, em algum momento, os policiais alegaram
que determinada rede televisiva queria o território limpo. Isso deu início a
mais conflitos entre policiais e indígenas, sendo que os policiais permaneceram
naquelas terras, “fiscalizando” a comunidade.
No dia 7 de abril, os Pataxó se reuniram com
o representante do Ministério de Turismo para falar sobre a reconstrução do
monumento. Durante a reunião chegaram a antropóloga da Procuradoria da
República e a advogada da Funai, as quais afirmaram que os procuradores da
República estavam chegando à comunidade para levar uma liminar que
desautorizava a ação militar no local.
E, no dia 11 houve outra reunião para a
negociação entre as lideranças indígenas e os oficiais, na qual os
representantes do governo garantiram, supostamente, todos os acordos aos
indígenas. Mas, o desfecho disso não se deu da forma combinada, assim: “(...)
os Pataxó tentaram retomar e afirmar a autonomia sobre seu território (...)”
(CÉSAR, 2011, p. 131), instalando o Monumento à Resistência dos Povos Indígenas no
Monte Pascoal.
Com isso, verifica-se que as ações dos índios
se mostraram contrárias às apresentadas pelo governo. E os Pataxó de Coroa
Vermelha resistiram e lutaram até conseguirem a regularização de suas terras,
mesmo que isso tenha ocorrido quase 30 anos depois.
Monte Pascoal. Referência. |
REFERÊNCIA:
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 118-131.
Nenhum comentário:
Postar um comentário