Cartilha de: Eliane Potiguara
Quem somos nós
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- Cronologia da escravidão indígena
• Nossos guerreiros
- Desconhecimento e preconceito
• Século XX
- O Poder
- Relação Índio x Estado
• O índio na Constituinte
• Energia, um desafio à natureza
• O que fazer
Link da cartilha: http://lemad.fflch.usp.br/sites/lemad.fflch.usp.br/files/Lemad-DH-USP_A_terra_%C3%A9_a_m%C3%A3e_do_%C3%ADndio.pdf
História e Cultura Indígena (Tuxá)
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
Música Kambeba
Música: Anawe Akangatara
(Tradução de Márcia Wayna Kambeba: Salve o meu cocar de penas vermelhas)
Língua: Tupi Omágua/Kambeba
Letra e melodia: Márcia Wayna Kambeba
(Tradução de Márcia Wayna Kambeba: Salve o meu cocar de penas vermelhas)
Língua: Tupi Omágua/Kambeba
Letra e melodia: Márcia Wayna Kambeba
quarta-feira, 29 de abril de 2015
9/10: Mais uma lição 1
9/10 “MAIS
UMA LIÇÃO, POR FIM”
Referência. |
“O movimento dos povos indígenas por educação de
qualidade em consonância com seus interesses e modos de viver é, sem dúvida, um
dos mais significativos marcos que se fincam na configuração política do Brasil
nessas últimas décadas.” (CÉSAR, 2011, p. 181).
No documento indígena que foi apresentado no
final da Conferência Indígena em Coroa Vermelha, foi apresentado seis pontos
referidos à educação escolar indígena (diferenciada) e de qualidade. Além
disso, almejaram por professores indígenas e atividades educativas formais.
Assim, “O Curso de Formação de Professores
Indígenas, cuja primeira turma iniciou-se em 1997, foi parte substancial do
Programa de Formação para o Magistério Indígena na Bahia (...)”. (CÉSAR, 2011, p.
185). Mas, esse projeto sofreu diversos problemas por parte da falta de
colaboração governamental.
è Implantação da Escola
Pataxó de Coroa Vermelha sobre direção de uma professora Pataxó.
Até 1999 a escola dos Pataxó funcionava em um
barracão (sendo que desde 1996 a escola tinha como diretora uma não-índia), em
2000 foi mudada para o Conjunto Cultural Pataxó, sendo assumida por um grupo de
professores indígenas, os quais se articularam e só conseguiram tal cargo devido
pressionarem as lideranças da escola.
è Implantação do novo
projeto político-pedagógico (PPP): “[Além de ensinar o bilinguismo,] espera-se
que aa escola possa instrumentalizar no conhecimento da cultura e da tradição – por exemplo, saber a dança e as músicas
para as representações da cultura (...)”. (CÉSAR, 2011, p. 196).
REFERÊNCIA:
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 179-226.
terça-feira, 28 de abril de 2015
8/10: Lição 6
8/10
LIÇÃO 6: A MISSA DOS 500 ANOS: AUTORIA E ESCRITA
Daniel Munduruku. Referência. |
Em 26 de abril de 2000, foi comemorada os “500
anos de Evangelização do Brasil”, com a missa realizada pelo cardeal Ângelo
Sodano. A forma como foi organizada a missa lembrou a imagem da primeira missa
que ocorreu no Brasil. Isto é, lembrava a pintura “A primeira missa no Brasil”,
de Victor Meirelles.
“Contudo, a Missa dos 500 Anos, o discurso de Matalawê
Pataxó foi traçado como um contraponto, um outro marco, certamente inaugural,
quando, ao invés de permitirem ao sacerdote regrar o uso da palavra no evento
da missa, os pataxós, simbolicamente, colocaram-se no centro do altar, tomaram
sob seu controle o ritual, fizeram o sacerdote e os seus convidados, entre perplexos
e constrangidos, ouvi-los (...).
O discurso produzido na missa superou todas as
expectativas daqueles que apostaram na sua realização (...)” (CÉSAR, 2011, p.
167-169).
(INDICAÇÃO: Ver discurso no livro de América Lúcia: p. 170-171)
Assim, percebe-se mais uma vez um exemplo da
construção da autoria/autonomia indígena.
REFERÊNCIA:
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 165-174.
segunda-feira, 27 de abril de 2015
7/10: Lição 5
7/10
LIÇÃO 5: “A RESERVA DA JAQUEIRA: UMA OUTRA ESCOLA
Referência. |
“A Reserva Pataxó da Jaqueira, com seus 827 hectares,
representa mais da metade dos 1492 hectares da Gleba B da Terra Indígena de
Coroa Vermelha. Possui ainda raras espécies da flora e fauna tropicais, como
madeiras de lei, árvores frutíferas e plantas medicinais. Porém, a Jaqueira é mais do que um pedaço de Mata
Atlântica, frequentemente ameaçada por ocupações de índios e não-índios no seu
entorno, que tornou-se um dos pólos turísticos mais movimentados do país”.
(CÉSAR, 2011, p. 159).
Para os integrantes do grupo da Jaqueira, há diversos significados para “Jaqueira”:
dançar, brincar, se divertir, conhecer mais a natureza, trabalhar, dentre outros.
Assim, esse grupo preparou o terreno da Reserva para dar início aos trabalhos. Uma
vez que: “A maioria das pessoas que trabalham na Reserva da Jaqueira desenvolve
um trabalho de educação ambiental e valorização da cultura e língua Pataxó
(...).” (CÉSAR, 2011, p. 161).
Referência. |
REFERÊNCIA:
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 159-164.
domingo, 26 de abril de 2015
6/10: Lição 4
6/10
LIÇÃO 4: A RESISTÊNCIA DAS MULHERES PATAXÓ DE COROA VERMELHA
Referência. |
Esse é um ponto que merece ser também
destacado, assim como os anteriores e posteriores a esse. Há, no Brasil, uma
vasta criação de estereótipos atribuídos à mulher que, muitas vezes, já estão
impregnados nas ações dos brasileiros. Esses estereótipos envolvem: cabelo,
corpo, pensamentos e ações, trabalho, vida sexual, dentre outras questões que
dizem respeito à mulher.
Assim, se a mulher já é estereotipada e
sofrem com isso, o que dizer da mulher indígena?
Tendo como exemplo a mulher
Pataxó:
“Eh! Eu não tenho rabo preso! Não faço nada errado pra
ninguém me reclamar... aí eu não tenho medo de falar. Eu vivi pressionada por
Dr. Ivo... não foi? Então eu fiz uma denúncia dele... [...] Mandei pra fora...
Não sei nem pra quem... sei que tomou uma chamada... E aí ficou morrendo de
medo... eu fiquei sabendo...” – Depoimento de D. Mirinha Pataxó (CÉSAR, 2011,
p. 150).
D. Mirinha foi, por diversas vezes, pressionada
a sair de sua cada para a realização do projeto de comemoração dos 500 anos do Brasil. A pressão foi tão insidiosa que ela resolveu apelar para a Procuradoria
da República para denunciar os oficiais do governo. E D. Mirinha resistiu e
ficou em sua terra, é tanto que o projeto precisou ser modificado.
Com isso, percebe-se que as comunidades
indígenas possuem certas divisões atribuídas ao homem ou à mulher, cada um
conforme necessidade. Em consonância a isso, a mulher indígena vem construindo cada
vez mais seu espaço de autoria e autonomia.
Vale pontuar e relembrar uma reportagem
publicada pela revista fórum, intitulada: “Na aldeia, mulher também tem voz”, a
qual apresenta o seguinte trecho:
"No final de fevereiro, chovia torrencialmente na aldeia Tenondé Porã, em Parelheiros, extremo sul de São Paulo. Na área externa de uma das casas, a índia Jera Guarani, da etnia Guarani-Mbyá, falava sobre sua experiência como mulher nas esferas de poder e decisão de sua comunidade. Formada em Pedagogia no mundo juruá (como
se referem aos indivíduos não indígenas), ela conseguiu dar voz às mulheres em
espaços tradicionalmente ocupados por homens, que sozinhos decidiam os rumos da
aldeia.”.
E, assim como D. Mirinha e Jera Garani, a mulher indígena tem conseguido cada vez mais seu espaço, tanto na comunidade oriunda, quando nos demais âmbitos do país. Como por exemplo, as escritoras Eliane Potiguara e Lia Minapoty, vem ganhando cada vez mais ascensão na literatura indígena brasileira.
REFERÊNCIA:
ANJOS,
Ana Beatriz. Na aldeia, mulher também tem voz. Revista Fórum. 22 abr. 2015 às 15:43. Disponível em: <http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/04/na-aldeia-mulher-tambem-tem-voz/>. Acesso em: 26 abr. 2015.
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 150-158.
sábado, 25 de abril de 2015
Pausa para o lanche: poema
ESTEREOTIPÍNDIOS
Referência. |
(Flaviane
Borges)
Dizem
que os índios matam, eu vi na televisão
Não
vou me aproximar do índio
Não
mesmo!
Não,
não.
Índios
se alimentam de gente!
São
canibais, ou não?
O
que os índios fazem?
Eles
andam nus?
Eles
moram onde?
São
preguiçosos?
O
que os índios fizeram?
Eles
usam roupas?
Pode
entrar onde eles moram?
Eles
são preguiçosos?!
São
preguiçosos!
Enquanto
isso...
Perto da aldeia indígena
Perto da aldeia indígena
um
homem “branco” fala:
-
Vocês verão um monte de “formiguinhas” nessa aldeia.
515
anos depois...
Vamos
destereotipíndios!!!
Território,
cultura e etnia: LUTA E RESISTÊNCIA!
Identidade:
Des e Re à construção
Utopia vs. Desmistificação!
E
aí, eles são preguiçosos?!
5/10: Lição 3
5/10
LIÇÃO 3: ENTRE O CRACHÁ E O WALKIE-TACKIE:
AUTORIA, AUTONOMIA E INVISIBILIDADE
Referência. |
“Nos discursos dos indígenas que tematizavam as
comemorações, encontrava-se, quase ritualisticamente, palavras como massacre, dor, opressão, destruição,
dizimação, genocídio – palavras que são recuperadas inclusive no discurso
de Matalawê Pataxó. Do mesmo modo, a palavra descobrimento foi sistematicamente substituída por invasão.” (CÉSAR, 2011, p. 133).
Nas comemorações dos 500 anos houve a “Macha
e Conferência Indígenas”, na qual participaram diversos indígenas de várias
comunidades. E, nessa conferência não entrava índio sem crachá, além de não ter dado espaço para determinadas apresentações de manifestações culturais dos indígenas presentes.
“Naquela conferência não só restou dor... certo?...
Restou também uma experiência... que todos nós... paremos de pensar... e ver
que precisamos nos unir mais. Porque foi uma coisa muito bonita... estava unido
índio de todo o Brasil... e onde nós etávamos hospedados houve até uma febre...
uma febre emocional!" - Depoimento de uma professora Pataxó Hã Hã Hãe -. (CÉSAR,
2011, p. 134).
Essa conferência se tornou também um fórum de
debates e encaminhamentos sem precedentes. E, nessa grande reunião foi colocada
em questão duas coisas a serem ressaltadas: 1- a possibilidade de recepção ao
presidente da República, Fernando Henrique Cardoso; 2- inquietação do ministro
de Turismo quanto as roupas que as mulheres Pataxó deveriam usar.
1-
Na
recepção do presidente, seriam levados policiais militares para "uma medida de segurança", mas os indígenas não queriam os policiais para
não repetirem o episódio da destruição do monumento indígena na Terra Indígena de Coroa Vermelha;
“(...) a Polícia Militar Estado da Bahia ocupava a área,
desde a destruição do monumento indígena, intensificava-se o assédio às
lideranças indígenas por representantes do governo, que colocavam carros,
celulares e walkie-talkies à sua
disposição, monitorando o que chamavam de esquema
de segurança indígena.” (CÉSAR, 2011, p. 137).
2-
O
ministro sugeriu “shorts cor da pele
e meias transparentes” para as mulheres. As meias deveriam ser usadas por baixo
das tangas.
E, essa proposta gerou grande
mal-estar entre os pataxós, os quais rebateram a proposta:
“Matalawê Pataxó (Jerry) – A gente não aceita esse negócio de
comprar roupa... não... Dr. Ivo!
Mulher
Pataxó:
Também temos... minha roupa...”. (CÉSAR, 2011, p. 136).
Assim, o resultado dessa
visita do presidente foi: os indígenas deveriam encontrá-lo em Porto Seguro, ao
invés dele visitar Coroa Vermelha. E, em uma reunião, o ministro de Turismo forjou uma carta e anexada à ela havia uma lista de presença (assinada pelos indígenas como se fosse um abaixo-assinado), na qual
os indígenas "autorizaram" a presença ilegal da Polícia Estadual em
seu território.
E, com a presença da
polícia na comunidade houve inúmeras tentativas de silenciamento às
manifestações da marcha Brasil: outros
500.
“A Polícia Militar da Bahia, por ordem do governador do
Estado, atuaria para garantir esse silêncio constitutivo dos manifestantes,
necessário para a ressonância da fala oficial, e nesse sentido precisava garantir
uma outra forma de silenciamento explícito, o silêncio local, a partir da
censura, da sonegação corporal, da interdição explícita de manifestação dos
participantes da marcha e dos militantes negros do Quilombo”. (CÉSAR, 2011, p.
145).
Assim, um dos
propósitos da marcha era chegar até Porto Seguro “(...) num alinhamento à
posição majoritária entre os participantes da conferência, os indígenas se
posicionavam politicamente no sentido de definir uma posição de autoria e
autonomia frente aos acontecimentos impostos”. (CÉSAR, 2011, p. 146).
“(...) não vai ser
festa... Eu tou vendo que vai ser uma guerra na nossa frente”. (ITAMBÉ, apud CÉSAR, 2011, p. 147).
REFERÊNCIA:
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 132-149.
sexta-feira, 24 de abril de 2015
4/10: Lição 2
4/10
LIÇÃO 2: O MONUMENTO À RESISTÊNCIA INDÍGENA: ‘AQUELE MONUMENTO QUE A COMUNIDADE
DECIDIU SER CRIADO E FOI DECIDIDO PELA POLÍCIA’
“Esses 500 anos... pra mim... falar a verdade... foi...
eu sinto
assim... não 500 anos de comemoração... mas 500 anos... mais 500 de
massacre. (...) Nós não somos derrotados... nós mostramos para o mundo inteiro
que a comunidade indígena tá aí... tá sofrendo... mas tão aí na luta. Então eu
não me sinto derrotada... eu cresci.”. (NEUZA, apud CÉSAR, 2011, p. 119).
Esse trecho do depoimento de Neusa Pataxó
apresenta a indignação de uma Pataxó sobre o acontecimento em que uma tropa de
policiais militares invadiu a terra dessa comunidade e destruíram o monumento recém-construído
pelos pataxós. Esse monumento foi criado para representar os índios massacrados
durante os 500 anos.
E, em algum momento, os policiais alegaram
que determinada rede televisiva queria o território limpo. Isso deu início a
mais conflitos entre policiais e indígenas, sendo que os policiais permaneceram
naquelas terras, “fiscalizando” a comunidade.
No dia 7 de abril, os Pataxó se reuniram com
o representante do Ministério de Turismo para falar sobre a reconstrução do
monumento. Durante a reunião chegaram a antropóloga da Procuradoria da
República e a advogada da Funai, as quais afirmaram que os procuradores da
República estavam chegando à comunidade para levar uma liminar que
desautorizava a ação militar no local.
E, no dia 11 houve outra reunião para a
negociação entre as lideranças indígenas e os oficiais, na qual os
representantes do governo garantiram, supostamente, todos os acordos aos
indígenas. Mas, o desfecho disso não se deu da forma combinada, assim: “(...)
os Pataxó tentaram retomar e afirmar a autonomia sobre seu território (...)”
(CÉSAR, 2011, p. 131), instalando o Monumento à Resistência dos Povos Indígenas no
Monte Pascoal.
Com isso, verifica-se que as ações dos índios
se mostraram contrárias às apresentadas pelo governo. E os Pataxó de Coroa
Vermelha resistiram e lutaram até conseguirem a regularização de suas terras,
mesmo que isso tenha ocorrido quase 30 anos depois.
Monte Pascoal. Referência. |
REFERÊNCIA:
CÉSAR,
América Lúcia Silva. Lições de Abril: a
construção da autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha. Salvador: EDUFBA,
2011, p. 118-131.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
3/10: Lição 1
3/10
LIÇÃO 1: A DUPLICIDADE DA CRUZ: AUTORIA E TEMPO
Referência. |
“A comunidade da Aldeia de Coroa Vermelha não aceita a
cruz de bronze, do artista plástico Mário Cravo Neto, projetada para substituir
a antiga, de madeira, que há anos marca o lugar onde foi celebrada a primeira
missa do Brasil”. (CÉSAR, 2011, p. 101).
Para compreender melhor o acontecimento sobre
a não aceitação dessa cruz de bronze, é preciso retomar um pouco as leituras, apresentando
a contextualização do acontecimento. Assim:
“No início do mês de abril de 2000, os índios Pataxó
ocuparam a Fazenda Guanabara, no entorno do Monte Pascoal, como forma de
protesto contra a festa dos 500, exigindo a demarcação da área como terra
indígena. Em Coroa Vermelha, a Polícia Militar do Estado da Bahia invadiu a
terra indígena no dia 4 de abril e derrubou o monumento de resistência indígena
projetado pelo artista Dan Baron, o mesmo que fez o monumento em homenagem às
vitimas do massacre do Eldorado dos Carajás.” (CÉSAR, 2011, p. 73).
A projeção da cruz de bronze criada por Mário
Neto, fez surgir mais um ponto para as manifestações e reivindicações dos índios
naquele período em que os oficiais do governo buscavam desapropriar a terra
habitada pelos Pataxó de Coroa Vermelha para a criação do MADE (em comemoraçãodos 500 anos do Brasil).
Na verdade, o que os pataxós queriam era
justamente uma cruz simples que representasse, como a de outrora, a primeira
missa do Brasil. Assim, a cruz deveria ser similar à encontrada anteriormente,
feita de madeira [pau-brasil]. Com isso, constata-se que essa luta envolve
questões simbológicas, semânticas e históricas.
“No entanto, os representantes do governo na área tomaram
diversas iniciativas para pressionar os Pataxó de Coroa Vermelha e atacar a presença
da Polícia Militar e desistir da ideia da construção do monumento projetado
pelo artista galês”. (CÉSAR, 2011, p. 74).
E, sob represálias por parte do governo, os
indígenas continuaram lutando para conquistarem o que, de fato, almejavam
(demarcação e legalização de suas terras; colocação da cruz no local de origem;
dentre outros). Assim, os pataxós conseguiram a implantação da cruz de forma
similar a de antes.
Mas, de acordo com a liderança da comunidade,
os políticos não estariam satisfeitos com essa realização, pois defendiam que a
cruz de metal possuía mais valor que a de madeira.
Por outro lado, os índios também conseguiram
acordar sobre o recebimento de suas terras. Mas, os representantes
governamentais demoraram na construção de casas para serem entregues aos
indígenas, em troca da saída deles da terra onde ficavam anteriormente.
Com isso, pode-se verificar que o discursos
orais dos indígenas estão continuamente entrelaçados à autoria/autonomia, além
de estarem imbricados à luta, resistência e persistência.
REFERÊNCIA:
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